Depois da Grande Guerra, o desafio
lançado ao mundo era encontrar sentido.
Exceto ao frio, vil mistificador,
crer no contato com a alma além do corpo
diminuía a dor, ante o mistério
da exibição de atrocidades do homem.
Houdini parecia mais que um homem;
só se bateu, mais que num desafio,
morta a sua mãe – do que nem fez mistério.
Foi atrás de médiuns, seu “sexto sentido”;
mas, toda vez que observava um “corpo
possesso”, via um mistificador.
Que se chamasse “mistificador”;
bradasse aos ventos que era ele, um homem,
e não um certo espírito em seu corpo,
o autor de uma façanha. Em desafio
aos charlatães, ao seu “sexto sentido”
de araque, iria opor o seu mistério
genuíno, não explicado (aliás, mistério
maior com o termo “mistificador”).
E a arte da fuga teve outro sentido;
de algemas a cadeias, como esse homem,
se impondo, ou aceitando um desafio
maior, ia além, sem arranhão no corpo?
o que podia haver melhor pra um corpo?
Grande vida – ou melhor… até o mistério
do tal do Whitehead, com aquele desafio…
com Houdini, um “homem”, “mistificador”
convicto, respondendo “sim” ao homem….
Pesando bem, nada teve sentido —
ou então o desafio teve um sentido
diverso: sem os seus grilhões pro corpo,
não havia do que escapar. Só havia o abdômen,
punhos cerrados, murros – não mistério;
e não se elude, mistifica a dor —
com murro atrás de murro, o desafio,
sentido, foi a prova — sem mistério,
no corpo — do que é um “mistificador”,
um homem —muito mais que um “desafio”.